Reduzir o consumo de energia elétrica, eliminar erros humanos e separar ambientes que possuem temperaturas diferentes são algumas das razões de a indústria investir cada vez mais nesses equipamentos.
Priscilla Cardoso
O crescimento de diversos segmentos da indústria, como o alimentício, agropecuário, farmacêutico, logístico e da construção civil, fez com que o mercado de portas automáticas e industriais crescesse gradativamente nos últimos anos.
A necessidade de as indústrias reduzirem o consumo de energia elétrica e de cumprirem as exigências da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Fone: 0800 642.9782) também foi um fator positivo para a expansão desse mercado.
Segundo Elias Heliodoro Rosa, supervisor de assistência técnica da Dânica (Fone: 47 3461.5300), as empresas estão buscando alternativas que resultem em processos produtivos e logísticos mais rápidos.
“As portas automáticas são utilizadas por conta de seus vários recursos operacionais, como os sensores de segurança e o inversor de frequência. Também é importante ressaltar que a busca atual é pela eliminação do erro humano e pela redução de consumo de energia. Em câmaras de congelados ou resfriados, por exemplo, o operador está sujeito a esquecer a porta manual aberta, o que leva a perda de temperatura, desperdício de energia e aumento de custos”, explica ele.
Na visão de Anacélia Panzan, diretora geral da PPW Brasil (Fone: 19 2109.9900), o desenvolvimento desse mercado está ligado ao grande investimento de empresas multinacionais no Brasil. “As empresas internacionais investem cada vez mais em plantas no país. O setor logístico também aumentou muito. Nunca se construiu tanto condomínio logístico como nos últimos oito anos. Outro ponto é a construção civil, que cresceu e aumentou a demanda por portas industriais, fazendo com que este mercado pudesse se desenvolver rapidamente e aumentasse as opções disponíveis”, diz ela.
Miguel Paiva Rezende, diretor técnico da Inovadoor Portas Industriais (Fone: 41 3204.5500), também faz a sua análise do desempenho deste setor. “O mercado de portas industriais vem crescendo junto com a economia brasileira, devido, principalmente, às exigências da Anvisa e à modernização da indústria. As portas automáticas são fundamentais para o fluxo logístico, onde é necessária a divisão de ambientes. Muitos desses locais possuem temperaturas diferentes, e a separação por essas portas garante a proteção do estoque e a circulação contínua e segura de veículos e pessoas.”
Já para Flávio Pinto, diretor da Hörmann Brasil (Fone: 11 3053.9353), o crescimento apresentado pelo mercado de construções industriais, comerciais e de Centros de Distribuição nos últimos três anos provocou uma nova análise sobre o correto dimensionamento e uso dessas portas. “Se avaliarmos as construções com mais de cinco anos é possível notar muitos casos em que as portas se encontram em estado precário de uso e manutenção, e não atendem às necessidades dos ocupantes, principalmente em indústrias e Centros de Distribuição”, explica ele.
BENEFÍCIOS
Sobre os benefícios proporcionados pelas portas automáticas e industriais, os profissionais destacam, entre outros, a melhora na qualidade e agilidade das operações, a diminuição da perda de temperatura e a segurança no fechamento.
“Com as portas automáticas existe uma facilidade na operação, já que o esforço físico aplicado para abrir uma porta manual é eliminado. E, devido à possibilidade de abertura parcial e fechamento automático programado, também existe uma diminuição da perda de temperatura e consumo de energia”, afirma Elias, da Dânica.
“As portas automáticas ajudam a evitar problemas de contaminação, diminuir o custo de energia e perdas de produção, além de proporcionarem um aumento da produtividade, facilitarem o fluxo de pessoas e equipamentos e melhorarem o controle de qualidade”, analisa, por sua vez, Paulo Comini, gerente da Rite-Hite Latin America (Fone: 11 3527.9590).
Já para Elenice Fernandes, gerente de marketing da Rayflex Portas Flexíveis (Fone: 11 4645.3360), as vantagens de utilizar portas industriais é que elas são desenvolvidas de acordo com cada tipo de aplicação.
“No exterior, as portas automáticas não são vistas apenas como separação ou fechamento das áreas. Sua fabricação é regida por normas técnicas que visam, principalmente, à segurança para pessoas que transitam nos locais onde estão instaladas, assegurar o desempenho do produto e a durabilidade para milhares de ciclos, entre outras garantias”, completa ela.
“A grande vantagem das portas industriais é que são fabricadas especificamente para o mercado industrial. Antigamente se adaptava portas comuns neste tipo de aplicação. Atualmente, as portas industriais já têm sistemas de segurança para o usuário, acionamento automático e são construídas em diversos materiais”, completa Anacélia, da PPW Brasil.
NOVAS APLICAÇÕES E TENDÊNCIAS
Com o bom desempenho dos últimos anos, o mercado de portas automáticas e industriais tem investido constantemente em novas tecnologias e aplicações dentro de outros segmentos da indústria.
“A cada ano o mercado de portas vem se abastecendo de novas tecnologias que auxiliam no seu bom funcionamento, como, por exemplo, levar em consideração a pressão do vento nas mais variadas regiões”, afirma Flávio, da Hörmann.
Para Elias, da Dânica, e Rezende, da Inovaddor, as empresas de outros ramos de atividades também estão buscando os recursos disponíveis nas portas automáticas.
“As moegas, além de outras tecnologias, estão optando por portas industriais para manter o controle da poeira levantada durante o processo de produção que, se não controlada, pode causar danos ao meio ambiente”, explica Rezende.
“É crescente a procura por intertravamento em portas automáticas e industriais. Este recurso já é muito utilizado na indústria do ramo farmacêutico, com portas para salas limpas. Devido ao rígido controle de acesso em áreas restritas, as empresas de outros ramos de atividades também estão buscando estes recursos”, comenta, por sua vez, Elias, da Dânica.
O gerente da Rite-Hite difere de opinião. Para Comini não há novas aplicações, e, sim, produtos mais específicos. “Desenvolvemos uma porta especial para a indústria alimentícia dentro das especificações do FDA – Food and Drug Administration (órgão governamental dos Estados Unidos responsável pelo controle dos alimentos humanos e animal, suplementos alimentares, medicamentos, cosméticos, equipamentos médicos, materiais biológicos e produtos derivados do sangue humano) e USDA – United States Department of Agriculture, para desmontagem e lavagem diária e toda feita de aço inox. Além disso, as empresas estão utilizando portas em mais locais”, explica ele.
Dentre as novidades do mercado, o gerente da Rite-Hite destaca a maior qualidade das portas atuais. “Temos hoje o desenvolvimento de produtos com mais segurança, baixo custo de manutenção, ótima vedação e que podem ser usados em várias aplicações. Também já temos no mercado os trilhos configuráveis, que se adéquam conforme a necessidade do cliente, e o CLP integrado com sistema de autodiagnose” diz Comini.
Já para Rezende, da Inovadoor, os isolantes térmicos e a ascensão dos produtos nacionais são os grandes destaques do setor. “A novidade é que precisamos cada vez menos de produtos importados para a fabricação nacional, o que não interfere na qualidade e no desempenho das portas industriais, mas diminui o custo para o consumidor final, tornando o produto mais atraente. Outra novidade são os isolantes térmicos que estão mais leves, o que facilita a instalação e manutenção do produto”, afirma ele.
“O mercado de portas automáticas e industriais está cada vez mais evoluído e o cliente cada vez mais exigente. Ele conhece suas reais necessidades e conhece as disponibilidades do mercado. Uma das principais exigências é que a porta trabalhe praticamente sozinha, ou seja, 100% automática, que abra e feche sem necessitar de ação humana e que tenha o menor índice de manutenção possível”, conclui Elenice, da Rayflex.
Qual a melhor opção?
Escolher uma porta automática industrial vai muito além de apenas analisar seus aspectos estéticos e tecnológicos. A compra deve ser embasada nas necessidades de cada indústria e na funcionalidade que esse equipamento terá dentro dela.
Para escolher o produto mais adequado à necessidade, as empresas devem considerar as orientações de um projetista que poderá prever, entre outras coisas, as possíveis interferências causadas pela movimentação das portas, e também exigir que o fabricante do produto apresente os laudos, realizados por uma auditoria independente, de avaliação da resistência e deformação.
“É muito usual vermos portas de grandes dimensões completamente deformadas por pressões do vento, ou que funcionam a título precário, com diversos problemas de movimentação. As características de resistência para pressões positivas ou negativas, em situações de edifícios que operam com sobrepressão ou subpressão atmosférica, também devem ser consideradas”, explica Flávio, da Hörmann Brasil.
Outros critérios para a escolha da porta ideal, segundo Rezende, da Inovadoor, são eficiência, controle ambiental, durabilidade, segurança e automatização no acionamento de abertura e fechamento. “A qualidade e o custo de manutenção estão entre as principais exigências dos clientes que precisam manter os ambientes limpos e seguros para o fluxo intenso de veículos e pessoas, bem como a divisão correta de áreas climatizadas”, explica ele.
Para Anacélia, da PPW Brasil, e Elenice, da Rayflex, também devem ser avaliados critérios técnicos, como a altura do Centro de Distribuição, o espaço de circulação de mercadorias, a quantidade de passagens e aberturas estimada das portas e o nível de segurança exigido.
“Como as portas são confeccionadas sob medida, deve-se atentar para alguns pontos na escolha adequada, como dimensões do vão, a logística do local, que é importante para determinar a velocidade de abertura e os acionamentos da porta, a necessidade de troca de ar, casos em que as portas podem ser confeccionadas com material microperfurado, que permite a passagem de ar, e a incidência de vento”, afirma Elenice.
Comini, da Rite-Hite, destaca outros quesitos que devem ser analisados. “Devemos verificar se o produto está adequado à necessidade. Qual o objetivo de se usar uma porta automática? Qual o tipo de tráfico passará por esta abertura? Quantas vezes serão acionadas ao dia? A confiabilidade eletrônica e elétrica, a vedação, a velocidade de operação, o sistema de acionamento e a tecnologia usada para a construção, que significa como os impactos são absorvidos, ou seja, se vou ter manutenção e tempo inoperante ou não, todos esses quesitos são importantes e devem ser considerados”, explica ele.
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